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terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

9 - As acrobacias com o léxico diplomático


Brasil pede, “de forma educada”, que Irã proteja direitos de ativistas e minorias (Folha de São Paulo, 16 de fevereiro de 2010)

O Brasil pediu ao Irã que "dialogue de forma respeitosa com dissidentes e minorias", em seu chamado mais incisivo a Teerã [...]

Por conta do momento delicado, o discurso do Brasil foi "milimetricamente planejado", segundo fontes diplomáticas, em idas e vindas entre Genebra e Brasília. [...]

O discurso da embaixadora brasileira, Maria Nazareth Farani Azevedo, foi muito mais comedido que o dos EUA e da França, que defendem sanções contra o Irã pelo programa nuclear, e mesmo do que o dos vizinhos latinos Chile e México. Mas passou longe dos desvarios de Nicarágua e Venezuela e foi mais claro que a China e a Rússia, países com poder de veto no Conselho de Segurança que os EUA tentam persuadir a votar pelas sanções.

"O Brasil, de forma educada, mas de maneira inequívoca, dialogou com o governo iraniano no conselho e passou ao governo iraniano as mensagens necessárias", disse a embaixadora à reportagem. [...]

Mas ela evitou usar a palavra "preocupação" e não citou a intensificação da repressão após a eleição do ano passado.

Para as ONGs, a obsessão por tratar um país contra o qual pesam denúncias como "um país como os demais" fragiliza a posição brasileira. "Condenação", por exemplo, não está no léxico diplomático brasileiro para Teerã, dado que o Itamaraty sustenta que "condenar" aliena em vez de engajar.

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